UFMT cria programa de inclusão indígena
Tendo como nome
\"Guerreiros da Caneta\", o Conselho de Ensino e Pesquisa da UFMT
(Consepe) aprovou ontem, dia 12, a criação do Proind-Programa de
Inclusão de Estudantes Indígenas. O programa tem como objetivo
possibilitar o acesso ao ensino superior de estudantes de etnias
estabelecidas em Mato Grosso e será desenvolvido em parceria com a
Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e com a Fundação Nacional do Índio
(Funai). Na UFMT, o Proind estará vinculado à Pró-Reitoria de Ensino de
Graduação e será coordenado por uma Comissão Interdisciplinar e
Interinstitucional, que se encarregará do acompanhamento acadêmico
permanente dos estudantes indígenas.
O Proind foi criado
para um período de cinco anos, que poderá ser estendido posteriormente.
Para essa fase inicial, foram destinadas cem vagas, sendo dez para
2008, 20 para 2009, 20 para 2010, 25 para 2011 e 25 para 2012. A
seleção dos candidatos será efetuada através de um processo específico
e diferenciado, no qual, além da prova objetiva, de conhecimentos
gerais e da redação, haverá uma prova oral em que se valorizarão a
tradição da oralidade e os conhecimentos dos povos indígenas. As dez
vagas previstas para 2008, destinam-se aos cursos de nutrição (2),
agronomia (2), engenharia florestal (3) e engenharia sanitária e
ambiental (3). Nos anos seguintes, a definição da distribuição das
vagas entre os cursos da UFMT estará condicionada à demanda dos povos
indígenas, à aprovação dos órgãos colegiados e à obtenção de bolsas
para os alunos junto às instituições parceiras.
Atualmente, estudam na
UFMT dez índios: três no curso de medicina; três no curso de
enfermagem, no campus de Cuiabá; dois também no curso de enfermagem,
mas no campus de Rondonópolis e outros dois no mesmo curso, mas no
campus de Sinop, todos beneficiados com a criação de sobrevagas
destinadas às etnias locais. Agora, com a criação do Proind, o
atendimento aos estudantes indígenas adquiriu a garantia de
continuidade.
Para o vice-reitor e
presidente do Consepe, Elias Alves de Andrade, a assinatura da
resolução que criou o Proind é um marco histórico, na medida em que
representa a consecução de uma das metas da criação da UFMT, qual seja
a de se construir uma universidade voltada para as especificidades
regionais, \"uma universidade da selva\". Andrade também destacou o fato
de que as vagas destinadas aos estudantes indígenas não são as já
existentes. \"São sobrevagas, ou seja, vagas novas, criadas além das que
já estão estipuladas para cada curso.\"
Na opinião da
Coordenadora do Programa, Carmen Lúcia da Silva, professora do
Departamento de Antropologia, \"ao instituir o Proind, a UFMT está
corrigindo um esquecimento histórico, pois apesar de ser sido criada
como a universidade da selva, só 36 anos após sua fundação é que está
abrindo suas portas para que os povos indígenas possam participar da
vida acadêmica, não apenas recebendo uma formação científica, mas
também trazendo seus conhecimentos.\" Carmen Lúcia Silva acredita que a
presença, na UFMT, da diversidade cultural e étnica dos povos indígenas
de Mato Grosso \"vai enriquecer a academia e que o diálogo entre os seus
saberes tradicionais e o científico vai significar um ganho para ambas
as partes\".