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Encravados na Floresta Amazônica, nos municípios de Feijó e Marechal Taumaturgo, vivem os índios Shanenawa e Jamináwa-Arara, que viraram objeto de estudo dos pesquisadores do Grupo de Investigação Científica de Línguas Indígenas (GICLI), formado pelos professores Lincoln Almir Amarante Ribeiro, Emerson Carvalho de Souza e Gláucia Vieira Cândido, e que conta ainda com a participação das alunas do curso de Letras Graziela de Jesus Gomes e Lízia de Oliveira Carvalho.

Cadastrado no CNPq, o grupo tem por objetivo contribuir para o conhecimento do patrimônio lingüístico-cultural brasileiro através de pesquisas na área de descrição, documentação e comparação de línguas indígenas.

De acordo com a líder do GICLI, professora Gláucia Vieira Cândido, as aldeias do Estado do Acre foram escolhidas como objeto de estudos dos pesquisadores da UEG por possuírem em comum a língua da família Pano. “Preliminarmente dirigimos o estudo do grupo para aldeias que falam as línguas da família Pano por sermos especialistas no assunto. Além do mais, em Goiás, atualmente existem somente duas línguas vivas, Karajá e Ava-Canoeiro, e uma terceira não mais falada, a Tapuia, que já são objeto de estudos da Universidade Federal de Goiás”, explica a pesquisadora.

Estão sendo estudadas as línguas Arara, Kaxinawá, Katukina, Kaxarari, Poyanawa, Shanenawa, Yaminawa, Matis, Matsés e Marubo, todas faladas na aldeia Morada Nova, dos índios Shanenawa, no município de Feijó, e pelos índios Jamináwa-Arara, das Aldeias Buritizal e São Sebastião, de Marechal Taumaturgo. “Sobre essas línguas estão sendo realizados estudos comparativos de aspectos fonéticos, fonológicos e morfossintáticos”, esclarece o professor Lincoln Amarante Ribeiro. Nas aldeias os índios falam também a língua portuguesa, no Brasil; e o espanhol, na Bolívia e Peru.

De acordo com o pesquisador, os trabalhos realizados pelo GICLI são do tipo “pesquisa básica”, com metodologia de pesquisa de campo para coleta de dados lingüísticos e constituição de corpora representativos para a descrição de línguas ágrafas e/ou pouco estudadas. “Portanto, qualquer contribuição para a ciência lingüística, não importa de onde venha, será bem-vinda. Parafraseando o professor Arion Rodrigues, o maior nome da Lingüística Indígena no Brasil, os lingüistas brasileiros têm uma grande responsabilidade para com qualquer língua indígena falada no país. Assim, não importa onde o lingüista resida ou se trabalha em um extremo do país e a língua indígena a ser pesquisada esteja em outro. “Esforços não podem ser poupados no sentido de que a investigação científica seja realizada”, observa o professor.

Para os pesquisadores, a participação de estudantes de graduação nesse trabalho é de suma importância para que se formem futuros pesquisadores que dominem as técnicas básicas de elaboração de questionários e listas para coleta de dados lingüísticos junto aos falantes nativos, bem como procedimentos de gravação, transcrição fonética e análise fonológica dos dados.

Extensão

Como contribuição do grupo para a sociedade, os pesquisadores do GICLI já produziram uma cartilha de leitura, publicada pela Secretaria de Educação do Acre, com a finalidade de ser aplicada em cursos de alfabetização das crianças indígenas em sua língua materna. Atualmente encontra-se em produção uma cartilha de textos da língua Shanenawa, que também deverá ser publicada pela Secretaria de Educação do Acre, e ainda um dicionário trilíngüe (Português, Inglês, Shanenawa). “Além disso, resultados dos estudos realizados pelo GICLI estão sendo divulgados por meio de publicação de alguns artigos científicos em periódicos nacionais, e também através de participações dos pesquisadores com apresentação de trabalhos em eventos na área de lingüística”, explica Gláucia Cândido.

Futuramente, acrescentam os pesquisadores, os estudos do GICLI poderão auxiliar na formatação de cursos de Mestrado e Doutorado, além de contribuir para a implantação do Curso de Educação Superior para Índios, na UEG.

“Não há dúvidas de que a Lingüística Indígena tem progredido nas últimas décadas no Brasil, devido à entrada de novos pesquisadores. Contudo, o panorama atual ainda exige que muitas tarefas sejam executadas nessa área. Estamos convencidos de que nosso grupo pode dar uma pequena contribuição para o fortalecimento da área e assim inserir a UEG no conjunto das universidades importantes do Brasil, tais como a UNICAMP, UFRG, UFG, na busca de caminhos para cumprir as tarefas que nos cabe no momento histórico”, avalia a professora Gláucia Vieira Cândido.

(Moema Ribeiro)