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Desde o início do Governo Lula e mais especificamente ao longo do ano de 2004, o MEC vem implementando um polêmico programa de reorganização administrativa, orçamentária e de prioridades. Essas ações, vinculadas ao ensino básico e ao ensino superior, vêm incluindo no debate os vários segmentos sociais da população brasileira.

O programa de bolsas para universidades privadas (ProUni); o anteprojeto de lei de reforma para a universidade pública, a inclusão de mais recursos no orçamento de 2005 para programas de formação e repasses para a merenda escolar; a reorganização do processo de alfabetização; o programa Escola de Fábrica, de cursos técnicos de nível fundamental; os novos programas de inclusão da Secretaria de Educação Especial e a implantação do Sinaes, o novo Sistema Nacional de Avaliação, que pretende colocar a avaliação das graduações no mesmo nível das avaliações da Capes são alguns dos mais alardeados encaminhamentos do MEC para o que se pretende ser a maior revolução educacional da história da república.

O Programa Universidade Para Todos(Prouni) criado pela Medida Provisória nº 213/2004 (https://www.presidencia.gov.br/ccivil/_ato2004-2006/2004/mpv/213.htm), oferece bolsas parciais e integrais para alunos carentes nas instituições de ensino superior privado. Estas entidades, conforme a instrução normativa 456/2004 (http://prouni.mec.gov.br/prouni/inst_normativa.asp), ficam isentas de quatro tributos federais: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins); Contribuição para o PIS/Pasep;

Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL); e Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ).

Podem concorrer às bolsas, estudantes que fizeram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), obtiveram nota mínima de 45 pontos, em 2002, 2003 ou 2004 e cursaram todo o ensino médio em escola pública ou receberam bolsa integral em escola particular. O programa reserva parte das vagas para negros e indígenas, no entanto, os candidatos devem comprovar renda familiar per capita de até um salário mínimo e meio (R$ 390 - valores atuais) para disputarem bolsa integral e de até três salários mínimos per capita (R$ 780) para concorrerem a parcial. Para bolsa parcial, é necessário comprovar renda familiar per capita mensal de até três salários mínimos (R$ 780) --dessa meia bolsa paga, 25% ainda pode ser financiado pelo Fies (Financiamento Estudantil). Portadores de necessidades especiais e professores da rede pública de educação básica no efetivo exercício e integrantes do quadro permanente da rede também estão aptos para a seleção.

No caso dos professores é necessário que estejam procurando vaga em curso de licenciatura ou Pedagogia.

O programa, entretanto, não é uma unanimidade no Brasil e discute-se muito sobre a manutenção do recorte social e racial na distribuição dessas bolsas, a qualidade das instituições privadas de ensino superior envolvidas no programa e o ônus do PROUNI aos cofres públicos. Nas críticas mais recentes ao programa destacou-se a dificuldade do governo Federal em preencher as quase 16 mil vagas finais, atribuída ao fato de 14% do total de 112 mil bolsas não terem sido concedidas porque negros, pardos e índios não conseguiram atingir a nota de 4,5 exigida pelo programa.

O ProUni, que foi lançado em dezembro, obteve 535.834 mil inscritos em suas três etapas. Foram preenchidas 96 mil das 112.416 vagas oferecidas para 2005. As outras 16.575 bolsas foram disputadas pelos 136 mil estudantes que se inscreveram na última etapa do ProUni. Essa constatação confirmou a má qualidade do ensino médio, ratificando o compromisso que deve ter o governo com o ensino básico.

O programa Universidade Para Todos e a política de cotas implementada em algumas universidades publicas estão contribuindo para aumentar a quantidade de afrodescendentes e indígenas nas universidades.

Nesta primeira edição do ProUni, das 112 mil vagas oferecidas, 41,53% foram para afrodescendentes. O número de alunos afrodescendentes que ingressaram nas universidades em 2004 cresceu 5%. Os dados do ministério da Educação indicam que, em 2003, 875 mil alunos tiveram acesso ao ensino superior, contra 921 mil alunos no ano passado.

Atualmente, apenas 9% dos jovens entre 18 e 24 anos estão matriculados no ensino superior. Na Argentina, esse percentual é de 39% e no Chile, de 27%.O programa também está incluído nas ações do governo federal que atendem ao Plano Nacional de Educação, criado em janeiro de 2001. O Plano prevê que até 2011, pelo menos 30% dos jovens na faixa etária descrita acima devem estar na faculdade.

Deve-se destacar que as instituições privadas de ensino superior no Brasil já dispunham de isenções fiscais, antes mesmo do PROUNI, e nem todas revertiam essas isenções em bolsas à população pobre. O Governo potencializa as já existentes isenções fiscais do ensino superior privado em prol da população negra, indígena e carente. É certo que o lobby e as concessões do governo restringiram muito as contrapartidas dessas instituições, mas não devemos deixar de mencionar que universidade publica brasileira é resistente à reserva de vagas para negros e pobres e não apresenta um quantitativo de vagas suficiente , para de imediato, oferecer a essa população.

Nas análises Luiz Marinho, presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores e José Pio Martins, professor e vice-reitor do Centro Universitário Positivo defendem o programa exaltando a inserção das camadas populares na Universidade; já o Professor Roberto Leher, ex-presidente da Andes, professor da UFRJ e pesquisador do LPP, e os intelectuais Flávio Roberto Collaço e Cláudio Cordeiro Neiva, problematizam a medida destacando pontos para nossa reflexão.


Rogério José de Souza

Programa Políticas da Cor

Laboratório de Políticas Públicas

Universidade do Estado do Rio de Janeiro